terça-feira, 4 de agosto de 2020

Uma visita à Casa Feliz (SIC)

Aconteceu tudo em menos de uma semana: o contacto da SIC, o agendamento da reportagem e a ida ao programa.
É verdade que já tinha dado o meu testemunho uma vez, mas a realidade era bem diferente da de agora. Era mais imatura e vivia na sombra do que os outros iriam pensar. Mas desta vez não.
Tive algumas vozes contra. Umas com receio, zelando pelo meu bem; outras porque, sei lá porquê, acharam que eu ia ficar "famosa" e isso estava-lhes a roer o cotovelo.

Dia da reportagem em casa:
os jornalistas não faziam a mínima ideia do que a Tricotilomania é. Estavam boquiabertos, espantados e, atrevo dizer, assustados. Não, não dói...não, não contagia..
Pedi para não fazerem uma reportagem "chorada" e triste, porque queria ser a vossa voz e não as vossas lágrimas! Respeitaram TUDO o que lhes foi pedido.

2 dias depois fomos ao programa "Casa Feliz".
Podem ver a reportagem aqui: Testemunho Alexandra @ Casa Feliz (Sic)

Estava feliz mas, no fundo, um pouco dececionada com o facto de não ser a Cristina Ferreira a entrevistar-me. Ela teria feito melhor o trabalho de casa, saberia conduzir melhor a conversa e a passar a mensagem com ainda mais força. Nada contra a dupla de apresentadores que (tão bem!) me recebeu. Aliás, tendo em conta que foi uma dupla formada em tempo recorde, muito bem estavam eles. Gostei da Diana Chaves, mas o João Baião vai ficar-me no coração como uma das pessoas mais humanas que conheci! Foi falar comigo durante o intervalo e questionou-me como se pronunciava Tricotilomania. Acalmou-me e garantiu-me que ia correr tudo bem. 

E correu. Aliás, superou todas as expectativas e mais algumas, embora não tivessem focado muito a questão dos implantes, que seria a cereja no topo do bolo. Já que ajudam tanta gente, porque não a mim também, certo? Chegará a minha vez, estou certa!

Comecei nervosamente (esta palavra existe?), mas depressa desatei a disparar tudo aquilo que tinha para dizer. A determinada altura, reparo que TODO o estúdio estava em silêncio. Uns em pé, outros sentados na bancada e outros no chão, com as mãos a segurar o queixo, tinha cerca de 20 pessoas com os olhos cravados em mim, a tentar perceber o porquê de tudo, principalmente o de uma pessoa jovem e bem formada e com um cabelo lindo arrancar o próprio cabelo. 
Só visto, mesmo!

Fui inundada com uma onda de amor nunca antes visto, por parte de pessoas conhecidas, amigas e familiares. Tenho vindo a receber mensagens de tudo quanto é lado, de cantos inesperados, a dar força, a agradecer o meu testemunho, a pedir ajuda ou mais informações...e isto, para mim, é ouro. É, simplesmente, sinal de dever quase cumprido. Digo quase porque sei que se pode fazer ainda mais. Da próxima, lutarei por uma entrevista, não de 15 minutos, mas de meia hora. Quero explicar tudo, desde o "método" do arranque, até à humilhação e o sofrimento que é uma ida à cabeleireira.
Juro-vos que tudo farei para que a Tricotilomania saia da sombra e seja, finalmente estudada.
Quem sabe alguém encontra uma cura?!

Sabem, quando era pequenina, o meu sonho era aparecer na TV e ser famosa. Coisa de criança parva.
Sorrio ao lembrar esses tempos. Agora, aos 36 anos, gostaria de ter aparecido na TV por outros motivos, mas quis o destino que fosse por causa da Tricotilomania. 
Mas não me calarei. Divulgarei e lutarei "até que a voz de doa".

Um beijinho no coração a tod@s.

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